Entre o Cu e a Urna

Nos últimos anos, o Brasil vem atravessando uma terrível polarização política, cujas consequências tem afetado seriamente a vida de muitas pessoas. A igreja cristã evangélica em nosso país não ficou incólume ao fenômeno, promovendo sérios prejuízos à interação entre denominações, igrejas locais e à própria comunhão entre membros de uma mesma comunidade de fé. Infelizmente, a política partidária, as disputas entre candidatos e vieses ideológicos, tem afetado o pensamento e a conduta de extensos segmentos cristãos, inclusive, de renomados pastores e líderes, gerando discursos e comportamentos equivocados e destoantes dos princípios e valores bíblicos. É perceptível que considerável número de membros e congregados das igrejas evangélicas, reproduzem falas que ouvem dos púlpitos e da mídia em geral, proclamando-se adeptos dessa ou daquela bandeira política, sem que compreendam com maior clareza o que está atrás das cortinas. Por outro lado, outros declaram não crer mais em políticos, pois esses são desonestos, não têm caráter e são descompromissados com as demandas da sociedade, o que não é verdade. Ainda existem bons políticos no país, que lutam pelo bem-estar do povo. Então, qual seria a razão para tanta desinformação sobre os poderes constituídos, para a ignorância política e para a manutenção de esquemas eleitoreiros que favorecem a corrupção que grassa o país? Por que a política com "p" minúsculo prevalece sobre a política com "P" maiúsculo e os mais vulneráveis continuam sofrendo? Por que muitas comunidades de fé não desenvolvem ações transformadoras nas comunidades em que estão inseridas e não exercem o ministério profético que lhes foi outorgado pelo Senhor? Essas são questões que o livro busca responder, a partir da ideia de um discipulado que não se restringe ao aspecto eclesiástico das pessoas, mas, que propõe uma espiritualidade que rompe as paredes do templo e leva a vida cristã, a teologia, enfim, as boas-novas, para o cotidiano do espaço público. Como o apóstolo Paulo evidenciou em sua carta aos Filipenses 1.27, devemos exercer nossa cidadania de forma digna do evangelho de Cristo, o que deixa claro que fé e política são assuntos interligados e de grande responsabilidade em nossa vida como seguidores de Cristo.