Estudo de "Os pescadores" e "As ilhas desconhecidas", de Raul Brando

Por muitas décadas, Os Pescadores e As Ilhas Desconhecidas, de Raul Brandão, foram rotuladas como sendo "menores" por se distanciarem de seu projeto literário ficcional. Edificou-se e perpetuou-se, então, a dicotomia e o silêncio. Este livro busca mostrar que essas obras não se distanciam das outras produções de Brandão, justamente porque apresentam componentes temáticos e estilísticos similares às demais obras. Para tanto, há uma dialética das formas impressionistas e expressionistas que compõem espaços plástico-literários. As ponderações concentram-se em torno das incursões por linguagens artísticas distintas diante da paisagem, do homem, da efabulação e de impressões poéticas e pictóricas do território português. Dessa forma, a aproximação entre as obras ocorre por meio da inovação na perspectiva da paisagem e da viagem, por configurar personagens pobres e vencidos a partir de reflexões de natureza ontológica e sociológica, conforme as delineações peculiares das configurações espaciais. Tal análise crítica colaborará para os estudos da obra de Raul Brandão, da Literatura Portuguesa, da paisagem e das relações entre literatura e pintura a partir de perspectivas.